Imprensa, Discurso Ideológico e Golpe de Estado: uma Análise Crítica do Discurso

Cynthia Adrielle da Silva Santos, Alessandra de Sá Mello da Costa
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2019016

Texto completo:

PDF

Resumo

Inserido no contexto mais amplo dos estudos organizacionais históricos (Maclean, Harvey, & Clegg, 2016), o presente trabalho teve como objetivo analisar o Caderno Especial “64 – Brasil Continua” do Jornal Folha de São Paulo (FSP) à luz da análise crítica do discurso. Buscou-se compreender qual foi o posicionamento e as principais construções discursivas que o Jornal assumiu no momento do golpe civil-militar de 1964. Para tanto, construiu-se o referencial teórico sobre a participação e a colaboração da Imprensa no Golpe e na Ditadura Civil-Militar (Abreu, 2005; Capelato, 2014; Dias, 2013; Kieling, 2016; Motta, 2013; Smith, 2000). Assim, foi utilizado o quadro tridimensional de Fairclough (2016) como aporte teórico-metodológico e o arcabouço de Thompson (2011) para análise de construções ideológicas. Como principais resultados, foram identificados indícios de alinhamento do posicionamento do Jornal FSP com o golpe civil-militar de 1964 por meio de suas formações ideológicas mobilizadas pelas formas simbólicas do discurso.


Palavras-chave

imprensa; ditadura civil-militar; estudos organizacionais históricos; Jornal Folha de São Paulo; análise crítica do discurso


Compartilhe


Referências


Abreu, A. A. (2005). A imprensa e a queda do governo de João Goulart. In A. Bragança, & S. V. Moreira (Orgs). Comunicação, acontecimento e memória. São Paulo: Intercom.

Alcadipani, R., & Bertero, C. O. (2014). Uma escola norte-americana no ultramar? Uma historiografia da EAESP. RAE-Revista de Administração de Empresas, 54(2), 154-169.

Alcadipani, R., & Bertero, C. O. (2012). Guerra Fria e ensino do management no Brasil: o caso da FGV-EAESP. RAE-Revista de Administração de Empresas, 52(3), 284-299.

Barros, A. (2017). Antecedentes dos cursos superiores em Administração brasileiros: as escolas de Comércio e o curso superior em Administração e Finanças. Cadernos EBAPE, 15(1), 88-100.

Barros, A. N., & Carrieri, A. P. (2013). Ensino superior em administração entre os anos 1940 e 1950: uma discussão a partir dos acordos de cooperação Brasil-Estados Unidos. Cadernos EBAPE, 11(2), 256-273.

Blommaert, J., & Bulcaen, C. (2000). Critical discourse analysis. Annual Review of Anthropology, 29 (1), 447-66.

Booth, C., & Rowlinson, M. (2006). Management and organizational history: prospects. Management & Organizational History, 1(1), 5-30.

Brandão, H.H.N. (2004). Introdução a análise do discurso. Campinas: Editora da UNICAMP.

Capelato, M. H., & Prado, M. L. (1980). O bravo matutino: imprensa e ideologia no jornal O Estado de S. Paulo. São Paulo: Alfa-Omega.

Capelato, M. H. (2014). História do Tempo Presente: A Grande Imprensa como Fonte e Objeto de Estudo. In L. A. N. Delgado, & M. M. Ferreira (Orgs) História do Tempo Presente. Rio de Janeiro: FGV Editora.

Chouliaraki, L., & Fairclough, N. (2010, September). Critical Discourse Analysis in Organizational Studies: Towards an Integrationist Methodology. Journal of Management Studies, 47(6), 1213-1218.

Clark, P., & Rowlinson, M. (2004). The treatment of history in organization studies: towards an "historical turn"? Business History, 46(3), 331-352.

Costa, A. S. M., & Saraiva, L. A. S. (2011). Memória e formalização social do passado nas organizações. Revista de Administração Pública, 45(6), 1761-1780.

Costa, A. S. M., Barros, D. F., & Martins, P. E. M. (2010). Perspectiva Histórica em Administração: Novos Objetos, Novos Problemas, Novas Abordagens. Revista de Administração de Empresas, 50(3), 288-299.

Costa, A. S. M., & Silva, M. A. C. (2017). Novas Fontes, Novas Versões: Contribuições do Acervo da Comissão Nacional da Verdade. Revista de Administração Contemporânea, 21(2), 163-183.

Costa, A. S. M., & Silva, M. A. C. (2018). Empresas, violação dos direitos humanos e ditadura civil-militar brasileira: a perspectiva da Comissão Nacional da Verdade. Organização & Sociedade, 25(84), 15-29.

Dias, A. B. (2012). O presente da memória: usos do passado e as (re)construções de identidade da Folha de S. Paulo, entre o 'golpe de 1964' e a 'ditabranda'. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil.

Dias, A. B. (2013, jan./jun.) “64- Brasil continua”: História, memória e as impressões da Folha de S. Paulo sobre o golpe militar de 1964. Revista Brasileira de História da Mídia (RBHM), 2(1), 2238-5126.

Dias, J. C., Cavalcanti Filho, J. P., Kehl, M. R., Pinheiro, P. S., Dallaro, P. B. A., & Cunha, R. M. C. (2014, dezembro). Mortos e Desaparecidos Políticos (Relatório da Comissão Nacional da Verdade, CNV, vol. III). Brasília, DF, Brasil. Recuperado em 05 de maio de 2018 http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_3_digital.pdf

Dias, L. A. (2011, outubro). Imprensa e poder: uma análise dos jornais OESP e FSP no golpe de 1964. IV Congresso Latino Americano de Opinião Pública da WAPOR – World Association for Public Opinion Research, Belo Horizonte, MG, Brasil, 64.

Diniz, E. (1994) Empresariado, regime autoritário e modernização capitalista: 1964-85. In G. A. D. Soares, & M. C. D’Araújo (Orgs). 21 anos do regime militar: balanços e perspectivas. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas.

Dreifuss, R (1981). 1964: A conquista do Estado. Petrópolis: Vozes.

Estevez, A., & Bandeira, F. (2014). A ditadura militar como tema: uma radiografia da produção acadêmica sobre o regime. In I. Thiesen. Documentos sensíveis: informação, arquivo e verdade na Ditadura de 1964. Rio de Janeiro: Letras.

Fairclough, N. (2016). Discurso e mudança social. (2.ed.). Brasília: Editora Universidade de Brasília.

Folha De São Paulo. (1964). Suplemento Especial “64 – Brasil Continua”. Recuperado em 29 de janeiro, 2018, de http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1964/03/31/48#

Godfrey, P. C., Hassard, J., O’Connor, E. S., Rowlinson, M., & Ruef, M. (2016). What Is Organizational History? Toward a Creative Synthesis of History and Organization Studies. Academy of Management Review, 41(4), 590-608.

Kieling, C.G. (2016). Autoritarismo no discurso da imprensa brasileira durante o golpe de 1964. Revista Extraprensa, 10(1), 3-17.

Luca, T.R. (2006). Fontes impressas: história nos, dos e por meio dos periódicos. In C. B. Pinsky (Org). Fontes Históricas, São Paulo: Contexto.

Maclean, M., Harvey, C., & Clegg, S.R. (2016). Conceptualizing Historical Organization Studies. Academy of Management Review, 41(4), 609-632.

Motta, F. C. P. (1992). As empresas e a transmissão da ideologia. Revista de Administração de Empresas, 32(5), 38-47.

Motta, R. P. S. (2013). A Ditadura nas representações verbais e visuais da grande imprensa: 1964-1969. Revista de História TOPOI, 14(26), 62-85.

Napolitano, M. (2011). O golpe de 1964 e o regime militar brasileiro - apontamentos para uma revisão historiográfica. Contemporanea - Historia y problemas del siglo XX, 2(2), 209-217.

Orlandi, E.P., & Lagazzi-Rodrigues, S. (2006). Discurso e textualidade. Campinas: Pontes.

Pires, E. M. (2008) Imprensa, Ditadura e Democracia: A construção da auto-imagem dos jornais do Grupo Folha (1978/2004). Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Ramalho, V., & Resende, V.M. (2011). Análise do Discurso (para a) Crítica: o texto como material de pesquisa. Campinas: Editora Pontes.

Resende, V. M., & Ramalho, V. (2004). Análise de discurso crítica, do modelo tridimensional à articulação entre práticas: implicações teórico-metodológicas. Linguagem em (Dis)curso - LemD, 5(1), 185-207.

Resende, V. M., & Ramalho, V. (2011). Análise do discurso crítica. (2. ed.). São Paulo: Contexto.

Rowlinson, M., Hassard, J., & Decker, S. (2014). Research strategies for organizational history: A dialogue between historical theory and organization theory. Academy of Management Review, 39(3), 250-274.

Schwarcz; L. M., & Starling, H.M. (2015). Brasil: uma biografia (1. ed.). São Paulo: Companhia de Letras.

Smith, A. (2000). 1960 - Um acordo forçado: o consentimento da imprensa à censura no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas.

Soares, G. A., & D’Araújo, M. C. (1994). O Golpe de 1964. In G. A. D. Soares, M. C. D’Araújo, (Orgs). 21 anos do regime militar: balanços e perspectivas. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas.

Spink, M. J. P., & Medrado, B. (2013). Produção de Sentido no Cotidiano. In M. J. P. Spink Práticas discursivas e produções de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. Rio de Janeiro: Biblioteca Virtual de Ciências Humanas do Centro Edelstein de Pesquisas Sociais.

Thompson, J. B (2011). Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa (9. ed.). Rio de Janeiro: Vozes.

Vizeu, F. (2018). Idort e difusão do Management no Brasil na década de 1930. Revista de Administração de Empresas, 58(2), 163-173.

Vizeu, F. (2010). Potencialidades da análise histórica nos estudos organizacionais brasileiros. RAE - Revista de Administração de Empresas, 50(1), 37-47.

Wanderley, S. E. D. P. V. (2015). Desenvolviment(ism) o, decolonialidade e a geo-história da administração no Brasil: a atuação da Cepal e do ISEB como instituições de ensino e pesquisa em nível de pós-graduação. Tese de Doutorado, EBAPE, Faculdade Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.

Wanderley, S. E. P. V. (2016). ISEB, uma escola de governo: desenvolvimentismo e a formação de técnicos e dirigentes. Revista de Administração Pública, 50(6), 913-936.

Wanderley, S., & Barros, A. (2018). Decoloniality, geopolitics of knowledge and historic turn: towards a Latin American agenda. Management & Organizational History, 14(1) 1-19.




Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.