"Pra tá no DC tem que ser meio doido. Se tu não és, vai ficar": a saúde mental dos servidores do Departamento de Criminalística do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul

Neusa Rolita Cavedon
DOI: https://doi.org/10.5329/RECADM.20121102006

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Artigo

Resumo

O objetivo deste artigo é mostrar como se dá o cotidiano daqueles que trabalham com locais de crime, de violência, buscando verificar como isso afeta a saúde mental do trabalhador. A pesquisa etnográfica foi realizada com os servidores que exercem suas atividades no Departamento de Criminalística do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul. O sofrimento se dá em face das vivências dramáticas que envolvem entrar em contato com corpos dilacerados, em estado de putrefação, com familiares desesperados, diferentes contextos sociais, reviver a cena do crime mediante a elaboração do laudo, presenciar a violência impetrada contra crianças. A satisfação no trabalho se dá através do laudo bem montado, da ciência do resultado da perícia no âmbito do judiciário. O servidor do DC precisa enfrentar a morte violenta fazendo uso de mecanismos de defesa que privilegiem a vida, daí a ênfase no discurso que coloca a atividade como “apaixonante” por auxiliar na absolvição ou condenação das pessoas sob suspeita. Absolver ou condenar implica preservar a vida, absolver salvaria a vida de um inocente que poderia ficar na prisão injustamente, condenar significa garantir a vida dos integrantes da sociedade de onde o indivíduo emerge, posto que ele, em liberdade, poderia reincidir no crime.

 


Palavras-chave

Perícia; saúde mental; sofrimento; prazer; etnografia


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