Impacto do apelo ao medo nas embalagens do cigarro: a percepção de fumantes em relação às mensagens de advertência antitabagismo

José Roberto Mota, Cláudia Rosa Acevedo, Rejane Alexandrina Domingues Pereira do Prado, Julio Araujo Carneiro da Cunha, Marli Auxiliadora da Silva
DOI: https://doi.org/10.5329/RECADM.2013013

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Artigo

Resumo

No Brasil, advertências antitabagismo com imagens sanitárias são divulgadas desde 2001 nas embalagens de cigarros sendo o apelo emocional usado como persuasão. Todavia, o medo é uma resposta emocional a uma ameaça e pessoas diferentes têm percepções e reações díspares a esse apelo. Investigou-se, nesse estudo exploratório, as percepções dos fumantes em relação às imagens de advertências antifumo, com apelo ao medo, utilizadas nas embalagens de cigarros considerando-se os temas explorados nas campanhas antitabagismo no Brasil. Os resultados de entrevistas individuais em profundidade com 35 fumantes, homens e mulheres da cidade de São Paulo com idades variáveis entre 20 e 65 anos, indicaram que as mensagens que mais afetam os fumantes são aquelas relacionadas ao câncer e/ou que envolvem crianças. Aproximadamente a metade dos entrevistados afirma que prefere ignorar as imagens que apelam para o medo enquanto quase que a totalidade da amostra confirmou que pensaria em parar de fumar caso vissem mensagens que apontassem os benefícios para tal. Na percepção dos entrevistados as mensagens são mais eficientes quando buscam produzir um conjunto de mensagens positivas e, ainda, confirmou-se que mensagens endossadas por celebridades que não fumam, serviria de maior inspiração para o estímulo à decisão de parar de fumar.

 


Palavras-chave

Tabaco; Mensagens antitabagismo; Marketing Social; Regulação de tabaco


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