As Vivências do Trabalho e Suas Suscetibilidades: a patologia como um fim

Carolina Coletta, Heliani Berlato
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2020003

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Resumo

O artigo busca compreender se o trabalho realizado pelo professor com deficientes intelectuais pode estar associado à síndrome de burnout. Tais profissionais estão mais suscetíveis a sofrerem exaustão emocional, despersonalização e menor realização pessoal – dimensões da síndrome – devido ao trabalho realizado com envolvimento intenso e prolongado com deficientes intelectuais. Foram realizadas observações diretas em uma unidade da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) no estado de São Paulo, além de entrevistas semiestruturadas com educadores especiais, seguida de análise de discurso. A análise não indica manifestações de despersonalização, porém, há indícios de realização pessoal e exaustão emocional. Observa-se que a exaustão emocional se relaciona com a necessidade de maior auxílio da equipe de trabalho e destaca-se que o adoecimento estrutural da instituição pode gerar condições para a síndrome de burnout, afetando o desenvolvimento e, consequentemente, a inclusão das pessoas atendidas por tal instituição.


Palavras-chave

síndrome de Burnout; inclusão; educação especial


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