Terceirização: implicações nas práticas de gestão de pessoas da empresa contratada

Pedro Vinícius de Oliveira Carneiro Leão, Simone Costa Nunes, Antônio Carvalho Neto, Marcus Vinícius Gonçalves da Cruz
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2014007

Texto completo:

Artigo PDF

Resumo

O objetivo do estudo é compreender como a relação estabelecida entre Contratante e Contratada afeta as práticas de gestão de pessoas da empresa terceirizada. A pesquisa adotou o método do estudo de caso e a abordagem qualitativa. A coleta dos dados ocorreu por meio de documentos e entrevistas em três empresas: a contratante; uma terceirizada, prestadora de serviços de manutenção elétrica industrial; e uma empresa que presta serviços de consultoria. Foram entrevistados gestores e trabalhadores operacionais, além de um consultor. Para analisar os dados foi escolhido o sistema em que as categorias não foram fornecidas, resultando da classificação analógica e progressiva dos elementos, segundo propõe Bardin (2011, p.113). Os resultados apontam para uma atuação intencional, planejada e consolidada por parte da Contratante sobre a Contratada que envolve práticas de gestão de pessoas nos seguintes âmbitos: recrutamento e seleção; treinamento e desenvolvimento; saúde, segurança e meio ambiente; feedback e aspectos relativos às exigências legais trabalhistas. Como conclusão tem-se que, no ambiente estudado, a terceirização se aproxima daquela preconizada pela literatura em que é justificada pela busca de maior produtividade, qualidade e competitividade.

 


Palavras-chave

Terceirização; Gestão de Pessoas; Relação contratante-terceirizada


Compartilhe


Referências


Almeida, M. C., & Silva, R. A. R. (1999). Estratégias de terceirização: um estudo em grandes empresas mineiras. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 23.

Barbosa, A. M. S. (2010). A naturalização da identidade social precarizada na indústria do alumínio primário paraense. Sociologias, 12(23), 268-303.

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. Brasil: Edições 70.

Bitencourt, C. C. (Org.). (2010). Gestão contemporânea de pessoas. Porto Alegre: Bookman.

Borges, A., & Druck, M. G. (1993). Crise global, terceirização e a exclusão do mundo do trabalho. Cadernos CRH, 19, 22-45.

Cardoso, M. A. F., & Marras, J. P. (2010). Gestão integrada de pessoas nas alianças corporativas: desenvolvendo valor nos canais de distribuição. Anais dos Seminários em Administração, São Paulo, SP, Brasil, 13.

Carvalho, A. M., Neto. (2001). Relações de trabalho e negociação coletiva na virada do milênio: um estudo em quatro setores dinâmicos da economia. Belo Horizonte: Vozes.

Collis, J., & Hussey, R. (2005). Pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman.

Cruz, M. V. G., Sarsur, A. M., & Amorim, W. A. C. (2012, outubro). Gestão de competências nas relações de trabalho: o que pensam os sindicalistas? Revista de Administração Contemporânea, 16(5), 705-722.

CutcherGershenfeld, J., Kochan, T., Ferguson, J.-P., & Barrett, B. (2007). Collective bargaining in the twenty-first century: a negotiations institution at risk. Negotiation Journal, 23(3), 249–265.

Dedecca, C. S. (1996). Racionalização econômica e heterogeneidade nas relações e nos mercados. In A. L. Santos, C. A. B. Oliveira, & J. Mattoso (Orgs.). Crise e trabalho no Brasil: modernidade ou volta ao passado? São Paulo: Scritta.

Druck, M. G. (1999). Terceirização: (des)fordizando a fábrica – um estudo do complexo petroquímico. Salvador: Bahia: Boitempo.

Druck, M. G. (2011). Trabalho, precarização e resistências: novos e velhos desafios? Cadernos CRH [Edição Especial], 24, 37-57.

Faria, A. (1994). Terceirização: um desafio para o movimento sindical. In: H. S. Martins, & J. R. Ramalho. (Orgs.). Terceirização: diversidade e negociação no mundo do trabalho. São Paulo: Hucitec – CEDI/NETS, 41-61.

Fernandes, M. E R. (2003). Gestão dos múltiplos vínculos de trabalho: um estudo sobre a visão dos dirigentes das maiores empresas operando no Brasil (Dissertação mestrado). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Fernandes, M. E. R., & Carvalho, A. M., Neto. (2005a) As práticas gerenciais frente aos principais desafios apontados pelas maiores empresas brasileiras na gestão de terceirizados. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Brasília, DF, Brasil, 29.

Fernandes, M. E. R., & Carvalho, A. M., Neto. (2005b). Gestão dos múltiplos vínculos contratuais nas grandes empresas brasileiras, Revista de Administração de Empresas [Edição Especial], 45, 48-59.

Figueiredo, M., Alvarez, D., Athayde, M., Suarez, J. D., & Pereira, R. (2007). Reestruturação produtiva, terceirização e relações de trabalho na indústria petrolífera offshore da Bacia de Campos (RJ). Gestão da Produção, 14(1), 55-68.

Flick, U. (2004). Uma introdução à entrevista qualitativa. Porto Alegre: Bookman.

Gaskell, G. (2002). Entrevistas individuais e grupais. In M. W. BAUER, & G. GASKELL (Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático (2a ed.). Petrópolis: Vozes.

Gitahy, L. (1994). Inovação tecnológica, relações interfirmas e mercado de trabalho. In L. Gitahy (Org.). Reestructuración productiva, trabajo y educación en América Latina (Lecturas de educación y trabajo, n. 3). Campinas: IG-UNICAMP. Buenos Aires: RED CIID-CENEP.

Guimarães, S., & Carvalho, A. M., Neto. (2006). O futuro dos sindicatos: estudo sobre sindicatos de telecomunicações no Brasil. Cadernos do CRH (UFBA), 19(47), 277-291.

Hall, L. (2000, july). Outsourcing, contracting-out and labour hire: implications for human resources development in Australian organizations. Asia Pacific Journal of Human Resources, 38, 23-41.

Hirata, H. (2011). Tendências recentes da precarização social e do trabalho: Brasil, França, Japão. Cadernos CRH [Edição Especial], 24, 37-57.

Izquierdo, C., & Cillán, J. (2004). The interaction of dependence and trust in long-term industrial relationships. European Journal of Marketing, 38(8), 974-994.

Kochan, T. A. (1997). Rebalancing the role of human resources. Human Resource Management, 36(1), 121-126.

Kochan, T. A. (2006). Taking the high road. Sloan Management Review, 47(4), 16-19.

Kolko, J. (1988). Restructuring the world economy. New York: Pantheon.

Lacombe, B. M. B., & Tonelli, M. J. (2001, maio-agosto). O discurso e a prática: o que dizem os especialistas e o que nos mostram as práticas das empresas sobre os modelos de gestão de recursos humanos. Revista de Administração Contemporânea, 5(2), 157-174.

Leite, M., & Posthuma, A. (1996). Reestruturação produtiva e qualificação: reflexões sobre a experiência brasileira. São Paulo em Perspectiva, 10(1), 63-76.

Lima, J. C. (2010). A terceirização e os trabalhadores: revisitando algumas questões. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 13, 17-26.

Lisboa, A. M., Carvalho, A., Neto, Nunes, S. C, & Lima, G. S. (2011, janeiro-julho). Desafios da gestão de pessoas em empresas do segmento logístico de distribuição de bebidas. Revista Gestão & Tecnologia, 11(1), 1-11.

Lourenço, S. C. C., Villela, L. E., & Freitas, J. A. de S. B. (2010). A percepção de trabalhadores terceirizados sobre as práticas de gestão de pessoas nas empresas offshore da rede petro bacia de campos. Contextus - Revista Contemporânea de Economia e Gestão, 8(1), 45-56.

Ludke, M., & André, M.E.D.A. (1986). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária.

Magalhães, Y. T. (2008). Gestão de terceirizados: múltiplos desafios (Dissertação de mestrado). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Magalhães, Y. T., Carvalho, A., Neto, & Gonçalves, P. P. B. (2010, janeiro-abril). Os múltiplos desafios da gestão de terceirizados: a experiência dos gestores de contratos. Revista de Ciências da Administração, 12(26), 116-143.

Magalhães, Y. T., Carvalho, A., Neto, & Saraiva, L. A. S. (2011, abril-junho). Práticas gerenciais relacionadas à qualificação de trabalhadores terceirizados: um estudo de caso no setor de mineração. Organizações & Sociedade, 18(57), 227-244.

Marchalek, C. R. L., Rebelato, M. G., & Rodrigues, I. C. (2007, maio-agosto). Estudo sobre as diferenças de percepção dos fatores relacionais entre empresa e terceirizado. Produção, 17(2), 286-301.

Olsen, K. M., & Kalleberg, A. L. (2004, junho). Non-Standard work in two different employment regimes: Norway and United States. Work, employment and society, 18(2), 321-348.

Pochmann, M. (2011). Perspectivas das relações de trabalho no brasil no começo do século 21. In M. C. Cacciamali, R. Ribeiro, & J. Macambira (Orgs.). Século XXI: transformações e continuidades nas relações de trabalho (Vol. 1). Fortaleza: Instituto de Desenvolvimento do Trabalho, Banco do Nordeste, 127-144.

Posthuma, A. (1990). Japanese production techniques in Brazilian automobile components firms: a best practice model or basis for adaptation. Conference Organization and Control of the Labour Process, Birmingham. Birmingham: Aston University.

Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990, may-june). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 68(3), 79-93.

Purcell, K., & Purcell, J. (1998). In-sourcing, outsourcing, and the growth of contingent labour as evidence of flexible employment strategies. European journal of work and organizational psychology, 7(1), 39-59.

Queiroz, C. A. R. S. (1998). Manual de Terceirização (9a ed). São Paulo: STS.

Rachid, A., Bresciani, E., & Gitahy, L. (2001, dezembro). Relações entre grandes e pequenas empresas de autopeças e a difusão de práticas de gestão da produção. Gestão & Produção, 8(3), 319-333.

Rezende, W. (1997, outubro-dezembro). Terceirização: a integração acabou? Revista de Administração de Empresas, 37(4), 6-15.

Ruas, R., Gitahy, L., Rabelo, F., & Antunes, E. D. D. (1994). Inter-firm relations, collective efficiency and employement in two brasilian clusters. International Labour Office Working Paper, (242).

Ryngelblum, A. L. (1999). Relacionamento entre desiguais: o papel da terceirização na reestruturação das grandes empresas. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 23.

Sabel, C. E., & Zeitlin, J. (1985, august). Historical alternatives to mass production: politics, markets and technology in nineteenth-century industrialization. Past and Present, 108, 133- 175.

Salerno, M. S. (2004, janeiro-abril). Da rotinização à flexibilização: ensaio sobre o pensamento crítico brasileiro de organização do trabalho. Gestão & Produção, 11 (1), 21-32.

Saraiva, L. A. S., & Mercês, R. E. D. (2013). Terceirização na gestão da manutenção: estudo de caso de uma mineradora. Revista de Administração da Unimep, 11(1), 1-24.

Saraiva, L. A. S., Ferreira, J. A., & Coimbra, K. E. R. (2012). Relações de trabalho em empresas terceirizadas sob a ótica dos trabalhadores: um estudo no setor de mineração. RGO - Revista Gestão Organizacional, 5(2), 134-148.

Sarsur, A. M., Cançado, V. L., Fernandes, M. E. R., & Steuer, R. S. (2002, agosto). Repensando as relações de trabalho: novos desafios frente aos múltiplos vínculos de trabalho. Caderno de Idéias – CI0212, Fundação Dom Cabral.

Silva, G. A. V., Cançado, V. L., Fernandes, M. E. R., & Steuer, R. S. (2001). Desafio na gestão de pessoas em ambientes com diferentes tipos de vínculos de trabalho. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Campinas, SP, Brasil, 25.

Uderman, S. (2007, julho-setembro). Transformações produtivas e novos padrões organizacionais da Indústria: uma tentativa de sistematização do debate. Organizações & Sociedade, 14(42), 15-27.




Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.