Lógica institucional híbrida e os outputs do sistema de controle gerencial impulsionados para transparência, disponibilidade informacional e prestação de contas

Filipy Furtado Sell, Carlos Eduardo Facin Lavarda
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2024006

Texto completo:

PDF

Resumo

Lógicas institucionais dão sentido aos indivíduos e as organizações para quais objetivos devem ser perseguidos. Para tanto, o sistema de controle gerencial fornece subsídios informacionais para a gestão, o planejamento e o controle da organização no alcance de seus objetivos e metas. Assim, esta pesquisa busca compreender como as lógicas institucionais híbridas burocrática, profissional e gerencial de mercado impulsionaram os outputs do sistema de controle gerencial para transparência, disponibilidade informacional e prestação de contas. Utilizando da metodologia qualitativa, que permite análise profunda dos dados, elaborou-se um estudo de caso em uma universidade federal, na pró-reitoria responsável pelo planejamento e desenvolvimento da autarquia. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, observação direta e documentos. Com base nos resultados da análise textual discursiva, tem-se a hibridização da lógica burocrática com a lógica gerencial de mercado gerando uma nova lógica institucional híbrida. A lógica institucional híbrida possui estrutura de poder como controle hierárquico por meio de níveis de gestão, fonte de autoridade por governança baseada em objetivos, metas e resultados e base de ação em compliance, desempenho e controle orçamentário. Esta hibridização impulsionou os outputs do sistema de controle gerencial para a transparência, disponibilidade informacional e prestação de contas.  Ao final da pesquisa, apresenta-se oportunidades de pesquisas futuras.


Palavras-chave

lógica institucional híbrida; sistema de controle gerencial; setor público


Compartilhe


Referências


Anthony, R. N., & Govindarajan, V. (2002). Sistemas de controle gerencial. AMGH Editora.

Araújo, J. F. F. E., & Romero, F. T. (2016). Local government transparency index: determinants of municipalities’ rankings. Internacional Journal of Public Sector Management, 29(4), 327-347. https://doi.org/10.1108/IJPSM-11-2015-0199

Arnaboldi, M., Azzone, G., & Savoldelli, A. (2004). Managing a public sector project: the case of the Italian Treasury Ministry. International Journal of Project Management, 22(3), 213-223. https://doi.org/10.1016/S0263-7863(03)00067-X

Bairral, M. A. C., Coutinho, A. H., & dos Santos Alves, F. J. (2015). Transparência no setor público: uma análise dos relatórios de gestão anuais de entidades públicas federais no ano de 2010. Revista de Administração Pública, 49(3), 642-675. https://doi.org/10.1590/0034-7612125158

Berry, A. J., Broadbent, J., & Otley, D. T. (Eds.). (2005). Management control: theories, issues and performance. Palgrave Macmillan.

Blonski, F., Coelho Prates, R., Costa, M., & Vizeu, F. (2017). O Controle Gerencial na Perspectiva do New Public Management: O Caso da Adoção do Balanced Scorecard na Receita Federal do Brasil. Administração Pública e Gestão Social, 9(1).

Bresser-Pereira, L. C. (1998). Reforma do Estado para a cidadania: a reforma gerencial brasileira na perspectiva internacional. Editora 34Bresser-Pereira, L. C. (2001). Uma nova gestão para um novo Estado: liberal, social e republicano. Revista do Serviço Público, 52(1), 5-24. https://doi.org/10.21874/rsp.v52i1.298

Bresser-Pereira, L. C. (2008). O modelo estrutural de gerência pública. Revista de Administração Pública, 42(2), 391-410. https://doi.org/10.1590/S0034-76122008000200009

Brignall, S., & Modell, S. (2000). An institutional perspective on performance measurement and management in the ‘new public sector’. Management accounting research, 11(3), 281-306. https://doi.org/10.1006/mare.2000.0136

Busco, C., Giovannoni, E., & Riccaboni, A. (2017). Sustaining multiple logics within hybrid organisations. Account. Audit. Account. J. 30, 191–216. https://doi.org/10.1108/AAAJ-11-2013-1520

Butler, C., & Haynes, K. (2018). ‘Passionate and professional’: reconciling logics in public service accounting. Public Money & Management, 38(2), 121-130. https://doi.org/10.1080/09540962.2017.1386937

Chenhall, R. H. (2003). Management control systems design within its organizational context: findings from contingency-based research and directions for the future. Accounting, organizations and society, 28(2-3), 127-168.

Chenhall, R. H., & Langfield-Smith, K. (1998). The relationship between strategic priorities, management techniques and management accounting: an empirical investigation using a systems approach. Accounting, Organizations and Society, 23(3), 243-264. https://doi.org/10.1016/S0361-3682(01)00027-7

Creswell, J. W., & Creswell, J. D. (2021). Projeto de pesquisa: Métodos qualitativo, quantitativo e misto. Penso Editora.

Cunningham, G., & Harris, J. E. (2001). A Heuristic Framework for Accountability of Governmental Subunits. Public Management Review, 3(2), 145-165.

Ezzamel, M., Robson, K., & Stapleton, P. (2012). The logics of budgeting: Theorization and practice variation in the educational field. Accounting, organizations and society, 37(5), 281-303. https://doi.org/10.1016/j.aos.2012.03.005

Flick, U. (2009). Desenho da pesquisa qualitativa-Coleção pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman Artmed.

Friedland, R., & Alford, R. R. (1991). Bringing society back in: Symbols, practices and institutional contradictions, in The New Institutionalism in Organizational Analysis, ed. Powell, W. W. & DiMaggio, P. J. Chicago: University of Chicago Press, 232–263.

George, B., Van de Walle, S., & Hammerschmid, G. (2019). Institutions or contingencies? A cross‐country analysis of management tool use by public sector executives. Public Administration Review, 79(3), 330-34.DOI: https://doi.org/10.1111/puar.13018

Gerdin, J. (2020). Management control as a system: Integrating and extending theorizing on MC complementarity and institutional logics. Management Accounting Research. 49, 1-13. DOI: https://doi.org/10.1016/j.mar.2020.100716

Godoy, A. S. (1995). Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de empresas, 35(3), 20-29. https://doi.org/10.1590/S0034-75901995000300004

Gonzaga, R. P., Frezatti, F., Ckagnazaroff, I. B., & Suzart, J. A. D. S. (2017). Avaliação de desempenho no governo mineiro: alterações dos indicadores e metas. Revista de Administração Contemporânea, 21, 1-21. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2017150331

Hood, C. (1991). A public management for all seasons?. Public administration, 69(1), 3-19. https://doi.org/10.1111/j.1467-9299.1991.tb00779.x

Itner, C. D. and Larcker, D. F. (1998) ‘Innovations in performance measurement: trends and research implications’. Journal of Management Accounting Research, 10 , 205–38.

Johnston, K. (2020) Debate: Failing to learn? The impact of new public management on public service innovation, Public Money & Management, 40:6, 473-474, DOI: https://doi.org/10.1080/09540962.2020.1746058

Jones, C., Boxenbaum, E., & Anthony, G. (2013). The immateriality of the material in institutional logics. In M. Lounsbury, & E. Boxenbaum (Eds.), Research in the sociology of organizations, 39, Part A – Institutional Logics in Action,. 51-75). Wagon Lane: UK. Emerald Publishing. https://doi.org/10.1108/S0733-558X(2013)0039A006

Kaufman, M., & Covaleski, M. A. (2019). Budget formality and informality as a tool for organizing and governance amidst divergent institutional logics. Accounting, Organizations and Society, 75, 40-58. https://doi.org/10.1016/j.aos.2018.10.003

Kim, P. S., Halligan, J., Cho, N., Oh, C. H., & Eikenberry, A. M. (2005). Toward participatory and transparent governance: report on the sixth global forum on reinventing government. Public Administration Review, 65(6), 646-654. https://doi.org/10.1111/j.1540-6210.2005.00494.x

Klein, A. Z., da Silva, L. V., & Machado, L. (2015). Metodologia de pesquisa em administração. Editora Atlas SA.

Kumar, C. R. (2003). Corruption and human rights: promoting transparency in governance and the fundamental right to corruption-free service in India. Columbia Journal of Asian Law, 17(1), 31-72.

Lapsley, I., & Wright, E. (2004). The diffusion of management accounting innovations in the public sector: a research agenda. Management accounting research, 15(3), 355-374. https://doi.org/10.1016/j.mar.2003.12.007

Machado, N., & Holanda, V. B. (2010). Diretrizes e modelo conceitual de custos para o setor público a partir da experiência no governo federal do Brasil. Revista de Administração Pública, 44(4), 791-820. https://doi.org/10.1590/S0034-76122010000400003

Merchant, K. A., & Van der Stede, W. A. (2007). Management control systems: performance measurement, evaluation and incentives. Pearson Education.

Meyer, J. W., & Rowan, B. (1977). Institutionalized organizations: Formal structure as myth and ceremony. American journal of sociology, 83(2), 340-363. https://doi.org/10.1086/226550

Michener, G., Contreras, E., & Niskier, I. (2018). Da opacidade à transparência? Avaliando a Lei de Acesso à Informação no Brasil cinco anos depois. Revista de Administração Pública, 52(4), 610-629. https://doi.org/10.1590/0034-761220170289

Moll, J., Major, M., & Hoque, Z. (2006). The qualitative research tradition. Methodological issues in accounting research: Theories and methods, 375-398.

Moraes, R. (2003). Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual discursiva. Ciência & Educação, 9(2), 191-211. https://doi.org/10.1590/S1516-73132003000200004

Nasi, G., & Steccolini, I. (2008). Implementation of accounting reforms: An empirical investigation into Italian local governments. Public Management Review, 10(2), 175-196. https://doi.org/10.1080/14719030801928573

Ngoye, B., Sierra, V., Ysa, T. & Awan, S. (2018): Priming in Behavioral Public Administration: Methodological and Practical Considerations for Research and Scholarship, International Public Management Journal, DOI: https://doi.org/10.1080/10967494.2018.1495672

Olson, O., Humphrey, C. and Guthrie, J. (2001). Caught in an evaluatory trap: a dilemma for public services under NPFM, European Accounting Review, 10(3), 505 – 522. https://doi.org/10.1080/09638180126799

Packer, L. D., & Gould, G. (1999). Changing public sector accountability: critiquing new directions. In Accounting forum. Elsevier Ltd. https://doi.org/10.1111/1467-6303.00007

Quintão, C. M. P. G., & Carneiro, R. (2015). A tomada de contas especial como instrumento de controle e responsabilização. Revista de Administração Pública, 49, 473-491. https://doi.org/10.1590/0034-7612127943

Rautiainen, A., Urquía-Grande, E., & Muñoz-Colomina, C. (2017). Institutional logics in police performance indicator development: a comparative case study of Spain and Finland. European Accounting Review, 26(2), 165-191. https://doi.org/10.1080/09638180.2015.1120412

Raynard, M., & Greenwood, R. (2014). Deconstructing complexity: how organizations cope with multiple institutional logics. Academy of Management Annual Meeting Proceedings, 2014(1), 12907. https://doi.org/10.5465/ambpp.2014.132

Reay, T., & Hinings, C. R. (2009). Managing the rivalry of competing institutional logics. Organization studies, 30(6), 629-652. https://doi.org/10.1177/0170840609104803

Reay, T., Jaskiewicz, P., & Hinings, C. R. (2015). How family, business, and community logics shape family firm behavior and “rules of the game” in an organizational field. Family Business Review, 28(4), 292-311. https://doi.org/10.1177/0894486515577513

Reis, A. F., Dacorso, A. L. R., & Tenório, F. A. G. (2015). Influência do uso de tecnologias de informação e comunicação na prestação de contas públicas municipais—um estudo de caso no Tribunal de Contas dos Municípios do estado da Bahia. Revista de Administração Pública, 49(1), 231-252. https://doi.org/10.1590/0034-76121664

Rezende, F., Cunha, A., & Bevilacqua, R. (2010). Informações de custos e qualidade do gasto público: lições da experiência internacional. Revista de Administração Pública, 44(4), 959-992. https://doi.org/10.1590/S0034-76122010000400009

Russo, P. T., & Guerreiro, R. (2017). Percepção sobre a sociomaterialidade das práticas de contabilidade gerencial. RAE-Revista de Administração de Empresas, 57(6), 567-584. https://doi.org/10.1590/s0034-759020170605

Saetre, A. S., & Van de Ven, A. (2021). Generating theory by abduction. Academy of Management Review, 46(4), 684-701. https://doi.org/10.5465/amr.2019.0233

Silva, W. A. O. & Bruni, A. L. (2019). Variáveis socioeconômicas determinantes para a transparência pública passiva nos municípios brasileiros. Revista de Administração Pública, 53(2), 415-431. https://doi.org/10.1590/0034-761220170383

Silverman, D. (1957). Interpretação de dados qualitativos–métodos para análise de entrevistas, textos e interações. Porto Alegre: Artmed.

Simons, R. (1990). The role of management control systems in creating competitive advantage: new perspectives. Accounting, organizations and society, 15(1-2), 127-143. https://doi.org/10.1016/0361-3682(90)90018-P

Skelcher, C., & Smith, S. R. (2015). Theorizing hybridity: Institutional logics, complex organizations, and actor identities: The case of nonprofits. Public administration, 93(2), 433-448. https://doi.org/10.1111/padm.12105

Teixeira, M. G., Roglio, K. D. D., & Ferreira, J. M. (2017). Reflexões ao campo de processo decisório a partir da abordagem de lógicas institucionais. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, 10(4), 668-687. https://doi.org/10.5902/1983465919154

Thelisson, A. S., Géraudel, M., & Missonier, A. (2018). How do institutional logics evolve over the merger process? A case in the public–private urban planning sector. Strategic Change, 27(1), 53-67. https://doi.org/10.1002/jsc.2180

Thornton, P. & Ocasio, W. (1999). Institutional logics and the historical contingency of power in organizations: executive succession in the higher education publishing industry, 1958–1990. American Journal of Sociology, 105(3), 801–843. https://doi.org/10.1086/210361

Thornton, P. H., & Ocasio, W. (2008). Institutional logics. The Sage handbook of organizational institutionalism, 840, 99-128. https://doi.org/10.4135/9781849200387.n4

Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2012). The institutional logics perspective: A new approach to culture, structure, and process. Oxford University Press on Demand. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001

Thornton, P. H., Ocasio, W., & Lounsbury, M. (2015). The institutional logics perspective. Emerging trends in the social and behavioral sciences. https://doi.org/10.1002/9781118900772.etrds0187

Van de Walle, S., & Hammerschmid, G. (2011). The impact of the new public management: challenges for coordination and cohesion in European Public Sectors. Halduskultuur, 12(2).

Vickers, I., Lyon, F., Sepulveda, L., & McMullin, C. (2017). Public service innovation and multiple institutional logics: The case of hybrid social enterprise providers of health and wellbeing. Research Policy, 46(10), 1755-1768. https://doi.org/10.1016/j.respol.2017.08.003

Zappellini, M. B., & Feuerschütte, S. G. (2015). O uso da triangulação na pesquisa científica brasileira em administração. Administração: ensino e pesquisa, 16(2), 241-273. https://doi.org/10.13058/raep.2015.v16n2.238

Zucker, L. G. (1977). The role of institutionalization in cultural persistence. American sociological review, 726-743. https://doi.org/10.2307/2094862

Zucker, L. G. (1983). Organizations as institutions. In Samuel B. Bacharach (ed), Perspectives in Organizational Sociology – Theory an Research (2a ed.). Greenwich, CT: JAI Press.




Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.