Guerra às drogas e ideologia: a indústria ilegal de cocaína pelas lentes cinematográficas

Jefferson Vieira de Góes, Lígia Ranara Rocha Paes, Deise Luiza da Silva Ferraz
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2023016

Texto completo:

PDF

Resumo

Objetivo: Identificar o discurso ideológico sobre o narcotráfico nas Américas expresso pelos documentários e os valores que, a partir deles, são aceitos como representação do real. Método: Realizamos a análise fílmica (Medina, 2020) de quatro documentários produzidos de 2017 a 2020, disponíveis na plataforma de streaming Netflix, que abordam a indústria ilegal de coca-cocaína no continente americano. Marco Teórico: A partir de Mészáros (2004), compreendemos que o sistema ideológico dominante apresenta as regras pelas quais os seres humanos compreendem, lidam e atuam no mundo visando resolver os conflitos sociais. Resultados: Nos filmes, a relação entre o grande consumo de drogas nos EUA e a respectiva produção nos países latinos se constitui a partir da produção de dois imaginários antagônicos: um imaginário positivo sobre os EUA e outro negativo sobre os países latinos envolvidos no tráfico de drogas, que se desdobram na constituição da tríade vítima-vilão-herói que legitima o consentimento comum de intervenções americanas na guerra contra as drogas e suas vítimas, a despeito da nacionalidade destas. Conclusões: A seletividade na representação acerca da aparência do fenômeno do narcotráfico nos diferentes países demonstra uma dicotomia favorável à ordem capitalista, reproduzindo uma subjetividade coletiva fetichizada que obstaculiza a consciência de classe.

Palavras-chave

ideologia; filme documentário; tráfico de drogas; cocaína; América Latina


Compartilhe


Referências


Biondini, B. K. F., Chaves, R. H. S., & Ferraz, J. M. (2020). Lukács e a particularidade estética do trabalho assalariado e da mediação da burocracia do Estado em “Eu, Daniel Blak”. Cadernos Ebape.Br (FGV), 18(2), 297-307.

Chaves, R. H. S., Ferraz, J. M., & Biondini, B. K. F. (2020). O limiar da produção do conhecimento da administração pública acerca do Estado. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, 7(1), 7-33.

Davis, A. (2016). Mulheres, raça e classe (1a ed., H. R., Candiani, Trad.). São Paulo: Boitempo.

Ferraz, D. L. S. (2016). A Administração de recursos humanos como conhecimento que constitui uma consciência de classe para o capital. Rebap. Revista Brasileira De Administração Política, 9(2), 65-88.

Ferraz, D. L. S., Moura-Paula, M., Biondini, B. K. F., & Moraes, A. F. G. M. (2017). Ideologia, subjetividade e afetividade nas relações de trabalho: análise do filme 'Que horas ela volta?' Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, 4(1), 252-278.

Fontes, V. O. (2010). Brasil e o capital-imperialismo: teoria e história (2a ed.). Rio de Janeiro: EPSJV/Editora UFRJ.

Franco, D. S., Leite, G. L., & Fonseca, V. L. B. (2020). Articulação entre aprendizagem baseada em problemas e análise fílmica: uma proposta de ensino a partir do filme A Fábrica de Sonhos. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, 7(2), 398- 424.

Girão, M., Irigaray, H. A., & Stocker, F. (2023). Fake news e storytelling: dois lados da mesma moeda ou duas moedas com lados iguais? Cad. Ebape.Br, 21(1), 1-15.

Gomes, D. C., Morais, A. F. G., & Helal, D. H. (2015). Faces da cultura e do jeitinho brasileiro: uma análise dos filmes O Auto da Compadecida e Saneamento Básico. Holos, 6, 502-519.

Marx, K. (2013). O Capital. Livro I. São Paulo: Boitempo.

Marx, K., & Engels, F. (2007). A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo.

Medeiros, I. B. O., Prestes, V. A., & Fraga, A. M. (2018). Cinema, trabalho e subjetividade: micronarrativas sobre subjetivações em Boi Neon. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(14), 990-1043.

Medina, C. (2020). A obra cinematográfica como fonte histórica: por uma abordagem crítico-materialista. Marx e o Marxismo, 8(15), 359-387.

Mészáros, I. (2004). O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo.

Miranda, U. L., Amaral, J. C., & Assis, L. B. (2018). Nós, Daniel Blake: uma análise dos dispositivos de dominação e controle. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(14), 1265-1313.

Penafria, M. (2009). Análise de filmes: conceitos e metodologia(s). Anais do Congresso Sopcom, Lisboa, Portugal, VI.

Santos Filho, F. C., Cezar, L. O., Concolatto, C. P., & Santos, L. C. (2018). Sujeito, sociedade e história: diálogos a partir da narrativa cinematográfica. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(14), 1091-1137.

Scherdien, C., Bortolini, A. C. S., & Oltramari, A. P. (2018). Relações de trabalho e cinema: uma análise do filme “Que horas ela volta?”. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(12), 130-197.

Tragtenberg, M. (2005). Administração, poder e ideologia. São Paulo: Editora Unesp.

Vanoye, F., & Goliot-Lété, A. (1994). Ensaio sobre a análise fílmica (5a ed., M. Appenzeller, Trad.). Campinas: Papirus.

World Drug Report 2021 (2021). United Nations publication.

Xavier, A. (2015). Storytelling: histórias que deixam marcas. Rio de Janeiro: BestSeller.




Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.