O discurso organizacional como um instrumento de controle: a (des)construção de identidades sociais em uma montadora do ABC paulista
Texto completo:
Artigo (Português (Brasil))Resumen
A presente pesquisa teve como objetivo investigar os mecanismos de controle organizacional utilizados por uma montadora localizada no ABC Paulista. Elegeu-se como objeto de análise o discurso organizacional, entendido como uma forma de controle ideológico e psicossocial que tem implicações no pensar, sentir e agir dos atores envolvidos. A população da pesquisa foi constituída de dezenove trabalhadores, sendo: cinco dirigentes, dez mensalistas e quatro membros da Comissão de Fábrica. Num primeiro momento do processo de coleta de dados executivos da empresa foram entrevistados, visando a identificação de padrões de comportamento esperados (identidades pressupostas) no discurso desses representantes da empresa. Num segundo momento, trabalhadores foram entrevistados buscando avaliar a absorção desse discurso. Por fim, uma entrevista coletiva com membros da Comissão de Fábrica foi realizada para verificar a existência de um discurso alternativo ao dos executivos. Os resultados possibilitaram evidenciar: a) um conjunto de características desejáveis nos trabalhadores por parte da organização, sintetizado no que chamaremos de Discurso das Competências, cuja categoria social colaborador desempenha um papel central; b) a absorção desse discurso por parte dos trabalhadores; c) a existência de discurso alternativo apresentado pela Comissão de Fábrica, sintetizado pela categoria social companheiro.
Palabras clave
Referencias
Berger, P.I., & Luckmann, T. (1974). A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes.
Bernardes, A.G., & Hoenisch, J.C.D. (2003). Subjetividade e identidades: possibilidades de interlocuções da Psicologia Social com os Estudos Culturais. In Guareschi, N.M.F., & Bruschi, M.E. (Org.) Psicologia social nos estudos culturais: perspectivas e desafios para uma nova psicologia social (pp. 95-126). Petrópolis, RJ: Vozes.
Brandão, H.H.N (2002). Introdução à análise do discurso. Campinas, SP: Editora da UNICAMP.
Burrel, G.; Morgan, G. (1979). Sociological paradigms and organizational analysis. London: Heineman.
Caldas, M. & Wood Jr., T. (1997). Identidade Organizacional. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 7 (1), 6-17.
Ciampa, A. C (2001). A estória de Severino e a história de Severina. São Paulo: Brasiliense.
Clegg, S. (1992). Poder, linguagem e ação nas organizações. In Chanlat, J. (Org.). O indivíduo na organização: dimensões esquecidas (pp. 47-66). São Paulo: Atlas.
Enriquez, E (1996). Da horda ao Estado: psicanálise do vínculo social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Etzioni, A (1967). Organizações modernas. São Paulo: Livraria Pioneira Editora.
Faria, J.H (1985). O autoritarismo nas organizações. Curitiba: Criar edições/ FAE.
Faria, J.H (2004). Economia Política do Poder: uma crítica da teoria geral da administração. Curitiba: Juruá,.
Fiorin, J.L. (Org.) (2003). Introdução à lingüística. São Paulo: Contexto.
Grant, D., Iedema, R., Oswick, C. Discourse and Critical Management Studies (2009). In: Alvesson, M. Bridgman, T., Willmott, H. The Oxford Handbook of Critical Management Studies. (pp. 213-231). Oxford: Oxford University Press.
Hall, S. (2003) A identidade cultural na pós-modernidade. 8. ed. Rio de Janeiro: DP&A.
Hatch, M.J. (1997). Organization Theory: Modern, Symbolic-Interpretive and Postmodern Perspectives. Oxford: Oxford University Press.
Holmer-Nadesan, M. (1996). Organizational identity and space of action. Organization Studies, 17(1), 49-81.
Humphreys, M, & Brown, A. D. (2002). Narratives of organizational identity and identification: a case study of hegemony and resistance. Organization Studies, 23(3), 421-447.
Huxley, A.(2001). Admirável mundo novo. Rio de Janeiro: Globo.
Jacques, M.G. (1999). Identidade. In Guareschi, T.A. (Org.). Psicologia Social Contemporânea. Petrópolis: Vozes.
Jermier, J. M. (1998) Introduction: critical perspectives on organizational control. Administrative Science Quarterly. 43(2), 235-256.
Keenoy, T. (2009). Human resource management. In: Alvesson, M. Bridgman, T., Willmott, H. The Oxford Handbook of Critical Management Studies. (pp. 454-472). Oxford: Oxford University Press.
Martins, F. R. (2006). Controle: perspectivas de análise na teoria das organizações. Cadernos EBAPE.BR, 4(1), 1-14.
Marx, K. (1996). O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Editora Nova Cultural, v. 1 (Os Economistas).
Motta, F.C.P. (1979). Controle social nas organizações. Revista de Administração de Empresas. Rio de Janeiro, 19 (3), 11-25.
Motta, F.C.P. (1992). As empresas e a transmissão da ideologia. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 32 (5), 38-47.
Mussalim, F. (2001). Análise de Discurso. In Mussalin, F, & Bentes, A. C. Introdução à Lingüística: domínios e fronteiras (pp. 101-142). São Paulo: Cortez.
Orlandi, E.P. (2001). Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes.
Orwell, G. (1975). 1984. São Paulo: Editora Nacional.
Silva, T. T. (2000). A produção social da identidade e da diferença. In SILVA, T. T. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. (pp. 73-102). Petrópolis, RJ: Vozes.
Tannenbaum, A. S. (1975). O controle na organização. In Tannenbaum, A. S. O controle nas organizações. (pp. 15-53). Petrópolis: Vozes, 1975.
Thomas, R. (2009). Critical management studies on identity: mapping the terrain. In: Alvesson, M. Bridgman, T., Willmott, H. The Oxford Handbook of Critical Management Studies. (pp. 166-185). Oxford: Oxford University Press.
Van Dijk, T. (1997). The Study of Discourse In Van Dijk, T. (Org.). Discourse as structure and process. London: Routledge.
Woodward, K. (2000). Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In. Silva, T. T. (Org.) Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. (pp. 7-72). Rio de Janeiro: Vozes.
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento 4.0 Internacional.