Hermenêutica ricoeuriana na compreensão e interpretação do discurso nas organizações
Texto completo:
Artigo (Português (Brasil))Resumen
O presente ensaio objetiva apresentar algumas reflexões sobre a hermenêutica ricoeuriana, demonstrando seu potencial onto-epistemológico e teórico-metodológico para os Estudos Organizacionais e, em especial, para a compreensão e a interpretação do discurso. Desse objetivo principal, decorrem-se algumas discussões acessórias que visam refletir sobre o estágio atual da análise do discurso em contrapartida com o desenvolvimento teórico-conceitual do discurso na tradição da hermenêutica ricoeuriana. A despeito da consolidação do tema ‘discurso’ como objeto dos Estudos Organizacionais, esse ensaio, em específico, possui um caráter exploratório, propondo uma discussão acerca de um autor denso e ainda pouco utilizado no campo. Além disso, o desenvolvimento do campo da análise do discurso na Administração se deu às expensas de análises filosóficas mais profundas e de rigor conceitual, revelando uma lacuna em termos de discussões teóricas. Busca-se também demonstrar como, na hermenêutica ricoeuriana, os conceitos mais elementares estão intimamente conectados aos aspectos filosóficos mais estruturais do discurso. As conclusões são apresentadas ao longo de toda a exposição, mas culminam na demonstração da hermenêutica ricoeuriana como uma epistemologia para a análise do discurso.
Palabras clave
Referencias
Alvesson M., & Kärreman D. (2000a) Varieties of discourse: On the study of organizations through discourse analysis. Human Relations, 53(9), 1125-1149.
Alvesson M., & Kärreman D. (2000b) Taking the Linguistic Turn in Organizational Research: Challenges, Responses, Consequences. The Journal of Applied Behavioral Science, 36(9), 136-158.
Alvesson M., & Kärreman D. (2011) Decolonializing discourse: Critical reflections on organizational discourse analysis. Human Relations, 64(9), 1121-1146.
Bendl, R. (2008). Gender Subtexts: reproduction of exclusion in organizational discourse. British Journal of Management, 19(1), 50-64.
Bergstrom, A., & Knights, D. (2006). Organizational Discourse and Subjectivity: subjectification during processes of recruitment. Human Relations, 59(3), 351-377.
Bommel, K., & Spicer, A. (2011). Hail the Snail: Hegemonic Struggles in the Slow Food Movement. Organization Studies, 32(12), 1717-1744.
Brandão, G. R. (2006). Gestão de Pessoas e as Universidades Corporativas: dois lados da mesma moeda? Revista de Administração de Empresas, 46(2), 22-33.
Carrieri, A. P., & Corrêa, A. M. H. (2007). Percurso Semântico do Assédio Moral na Trajetória Profissional de Mulheres Gerentes. Revista de Administração de Empresas, 47(1), 22-32.
Carrieri, A. P., Leite-da-Silva, A. R., Souza, M. M. P., & Pimentel, T. D. (2006). Contribuições da análise do discurso para os estudos organizacionais. Revista Economia & Gestão, 6(12), 1-22.
Costa, I. S. A. (2007). Teletrabalho: subjugação e construção de subjetividades. Revista de Administração Pública, 41(1), 105-124.
Curtis, R. (2014). Foucault beyond Fairclough: From Transcendental to Immanent Critique in Organization Studies. Organization Studies, 35(12), 1753-1772.
Doolin, B. (2002). Enterprise Discourse, Professional Identity and the Organizational Control of Hospital Clinicians. Organization Studies, 23(3), 369-390.
Driver, M. (2007). Reviewer Feedback as Discourse of the Other: a psychoanalytic perspective on the manuscript review process. Journal of Management Inquiry, 16(4), 351-360.
Fairclough, N. (1992). Discourse and social change. Cambridge: Polity Press.
Fairclough, N. (2003). Analyzing discourse: Textual analysis for social research. London: Routledge.
Fairclough, N. (2005). Discourse Analysis in Organization Studies: The Case for Critical Realism. Organization Studies, 26(6), 915-939.
Fairhurst, G. T. (2004). Textuality and Agency in Interaction Analysis. Organization, 11(3), 335-353.
Faria, J. H. (2015). Análise De Discurso Em Estudos Organizacionais: As Concepções De Pêcheux E Bakhtin. Teoria e Prática em Administração, 5(2), 51-71.
Gadamer, H. G. Verdade e Método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica (3 ed.). Petrópolis: Vozes, 1999.
Golant, B. D., & Sillince, J. A. A. (2007). The Constitution of Organizational Legitimacy: A Narrative Perspective. Organization Studies, 28(08), 1149-1167.
Grant, D., Hardy, C., Oswick, C., Phillips, N., & Putnam, L. (2004). Handbook of Organizational Discourse. (Eds.) Thousand Oaks, CA: Sage.
Halsall, R. (2009). The Discourse of Corporate Cosmopolitanism. British Journal of Management, 20(1), 136-148
Hardy, C. (2004) Scaling Up and Bearing Down in Discourse Analysis: Questions Regarding Textual Agencies and their Context. Organization, 11(3), 415-425.
Hardy, C., & Grant, D. Readers beware: Provocation, problematization and…problems. Human Relations, 65(2012), 547-566.
Heidegger, M. (2005). Ser e Tempo (15 ed.). Petrópolis: Editora Vozes; Bragança Paulista: Universidade São Francisco.
Holt, R., & Mueller, F. (2011). Wittgenstein, Heidegger and Drawing Lines in Organization Studies. Organization Studies, 32(1), 67-84.
Iedema, R., Degeling, P., Braithwaite, J., & White, L. (2003). ‘It’s an Interesting Conversation I’m Hearing’: The Doctor as Manager. Organization Studies, 25(1): 15-33.
Kallio, T. J. (2007). Taboos in Corporate Social Responsibility Discourse. Journal of Business Ethics, 74(2), 165-175.
Leitch S., & Palmer I. (2010) Analysing texts in context: Current practices and new protocols for critical discourse analysis in organization studies. Journal of Management Studies, 47(6), 1194-1212.
Lévi-Strauss, C. (1975). Antropologia Estrutural (4 ed.). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.
Maguire, S. (1999). The Discourse of Control. Journal of Business Ethics, 19(1), 109-114.
Marshak, R. J., & Grant, D. (2008). Organizational Discourse and New Organization Development Practices. British Journal of Management, 19(1), 7-19.
Mengis, J. & Eppler, M. J. (2008). Understanding and Managing Conversations from a Knowledge Perspective: An Analysis of the Roles and Rules of Face-to-face Conversations in Organizations. Organization Studies, 29(10), 1287-1313.
Musson, G., & Duberley, J. (2007). Change, Change or be Exchanged: the discourse of participation and the manufacture of identity. Journal of Management Studies, 44(1), 143-164.
Nayak, A., & Becket, A. (2008). Infantilized Adults or Confident Consumers? Enterprise discourse in the UK retail banking industry. Organization, 15(3), 407-425.
Ogbor, J. (2000). Mythicizing and Reification in Entrepreneurial Discourse: ideology-critique of entrepreneurial studies. Journal of Management Studies, 37(5), 605-635
Oliveira, S. A., Fragoso Sobrinho, R. M., & Guarido Filho, E. R. (2015). Análise do Discurso no Institucionalismo Organizacional: Possibilidades a Partir do Discurso Midiático. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, 14(1), 45-58.
Peci, A., Vieira, M. M. F., & Clegg, S. R. (2006). A Construção do "Real" e Práticas Discursivas: o poder nos processos de institucionaliz(ação). Revista de Administração Contemporânea, 10(3), 51-71.
Pegino, P. M. (2016). Hermenêutica Ricoeuriana e sua Articulação nos Estudos Organizacionais. Revista de Administração de Empresas, 56(5): 578-584.
Phillips N., & Hardy C. (2002). Discourse analysis: investigating processes of social construction. Thousand Oaks, CA: SAGE.
Reynolds, M., & Yuthas, K. (2008). Moral Discourse and Corporate Social Responsibility Reporting. Journal of Business Ethics, 78(1), 47-64.
Ricoeur, P. (1969). Le conflit des interprétations: Essais sur l’herméneutique. Paris: Editions du Seuil.
Ricoeur, P. (1976). Teoria da Interpretação: o discurso e o excesso de significação. Lisboa: Edições 70.
Ricoeur, P. (1981). Hermeneutics and the Human Sciences: Essays on Language, Action and Interpretation. Cambridge, New York, Melbourne.
Ricoeur, P. (2000). A Metáfora Viva. São Paulo: Loyola.
Ricoeur, P. (2004). The Conflict of Interpretations: essays in hermeneutics. London/New York: Continuum.
Ricoeur, P. (2008). Hermenêutica e Ideologias. Petrópolis: Vozes.
Rudolph, K. (2006). The Linguistic Turn Revisited: On Time and Language. Differences, 17(2), 64-95.
Saraiva, L. A. S., Pimenta, S. M., & Correa, M. L. (2004). Dimensões dos Discursos em uma Empresa Têxtil Mineira. Revista de Administração Contemporânea, 8(4), 57-79.
Saussure, F. de. (2006). Curso de lingüística geral. (27 ed.). São Paulo: Cultrix.
Smith, C., Valsecchi, R., Mueller, F., & Gabe, J. (2008). Knowledge and the Discourse of Labour Process Transformation: nurses and the case of NHS Direct for England. Work, Employment & Society, 22(4), 581-599.
Surkis, J. (2012). When Was the Linguistic Turn? A Genealogy. Am Hist Rev 2012; 117(3), 700-722.
Thompson, P. & Harley, B. (2012). Beneath the Radar? A Critical Realist Analysis of ‘The Knowledge Economy’ and ‘Shareholder Value’ as Competing Discourses. Organization Studies, 33(10), 1363-1381.
Vaara, E., Tienari, J., & Laurila, J. (2006). Pulp and Paper Fiction: On the Discursive Legitimation of Global Industrial Restructuring. Organization Studies, 27(6), 789–810.
Van Dijk, T. A. (2001). ‘Multidisciplinary CDA’. In Wodak, R. and Meyer, M. (Eds), Methods of Critical Discourse Analysis. London: Sage.
Werner, M. D., & Cornelissen, J. P. (2014). Framing the Change: Switching and Blending Frames and their Role in Instigating Institutional Change. Organization Studies, 35(10), 1449-1472.
Woodman, R. W. (2008). Discourse, Metaphor and Organizational Change: the wine is new, but the bottle is old. British Journal of Management, 19(1), 33-37.
Zanoni, P., & Janssens, M. (2015). The Power of Diversity Discourses at Work: On the Interlocking Nature of Diversities and Occupations. Organization Studies, 36(11), 1463-1483.
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento 4.0 Internacional.