Significação do consumo em botecos cariocas: uma análise da experiência na Mureta da Urca

Fábio Francisco de Araujo, Thais Barreto Estrella, Karla Andréa Dulce Tonini
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2021013

Texto completo:

PDF (Português (Brasil))

Resumen

O presente estudo parte da necessidade de se refletir e compreender o processo de construção de significados das práticas de consumo que emergem no contexto de bares e botecos a partir da articulação entre cultura e consumo. Para isso, optou-se por utilizar técnicas do método etnográfico, como observação participante, conversas informais e entrevistas no Bar e Restaurante Urca, considerado Patrimônio Cultural da Cidade do Rio de Janeiro. A análise é feita sob a perspectiva do Consumer Culture Theory (CCT). As observações permitiram formar diferentes categorias de análise, as quais emergiram da ambientação estruturante das interações e do próprio discurso dos frequentadores a partir do uso dos espaços que são o bar, o restaurante, a mureta e a “pobreta”. Os resultados apontam que o processo de significação pelos diferentes indivíduos frequentadores extrapola a lógica prática e objetiva que poderiam nortear as motivações de escolha para o consumo dos produtos e serviços. Esse processo favoreceu uma análise mais aprofundada sobre a produção de sentidos a partir da “teia de significado” que decorre das práticas no espaço pesquisado.


Palabras clave

significados do consumo; cultura e consumo; lazer; boteco carioca; patrimônio imaterial


Compartilhe


Referencias


Adade, D. R. (2013). "Comida de buteco”: O botequim, um pedaço da alma carioca, em uma iniciativa de construção de comunidade virtual de marca. Dissertação de Mestrado, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Ahuvia, A. C. (2005). Beyond the extended self: loved objects and consumers' identity narratives. Journal of Consumer Research, 32(1), 171-84.

Appadurai, A. (1990). Introduction: commodities and the politics of value. In A. Appadurai (Ed.). The social life of things (pp. 3-63). Cambridge: University Press.

Araujo, F.F., Cherchiaro, I.B., Silva, R.C.M., & Espíndola, R.S. (2020). Experience marketing in large events: an exploratory study at Rio 2016 Olympic Games. Journal of Development Research, 10(1), 36757-36765. DOI: 10.37118/ijdr.19030.06.2020.

Araujo; F.F., Bitar, N.P., Santos, M.M.A.S., Baião, M.R. & Silva, T.C. P. (2019). Experiências de consumo no samba: um estudo sobre o processo de significação da Feijoada Portelense. Alceu, 20(38), 142-163.

Araujo, F. F., & Rocha, A. (2019). The redefining of later life through leisure: music and dance groups in Brazil. Leisure Studies, 38(5), 712-727. DOI: 10.1080/02614367.2019.1636847.

Araujo, F. F., & Rocha, A. (2017). Ressignificação da terceira idade: redescobrindo corpo, prazer, vida e sociabilidade na Dança de Salão. In XLI Encontro da ANPAD - Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. São Paulo: ANPAD.

Araujo, F. F., & Rocha, A. (2016). Significados atribuídos ao lazer na terceira idade: observação participante em encontros musicais. Podium: Sport, Leisure and Tourism Review, 5(2), 38-55.

Araujo, F. F., Rocha, A., Chauvel, M. A., & Schulze, M.F. (2013). Meanings of leisure among young consumers of a Rio de Janeiro low-income community. Leisure Studies, 32(3), 319-332. DOI: 10.1080/02614367.2012.677055.

Araujo, F.F., & Tinoco, C. F. A. (2015). Influência da religião no comportamento do consumidor: um estudo exploratório do consumo de produtos judaicos. Alceu, 16(31), 38-61.

Araujo, F. F., Turano, L. M., & Vieira, F. C. (2019). Subculturas Religiosas de Consumo: Um estudo etnográfico de jovens católicos nas práticas dos Exercícios Espirituais. Consumer Behavior Review, 3(2), 99-119.

Arnould, E., & Thompson, C. (2005). Consumer Culture Theory (CCT): twenty years of research. Journal of Consumer Research, 31(4), 868-882.

Arnould, E., & Wallendorf, M. (1994). Market-Oriented ethnography: interpretation building and marketing strategy formulation. Journal of Marketing Research, 31(4), 484-504.

Bar Urca. (2018). Cardápio. Bar e Restaurante Urca. Recuperado em 07 novembro, 2018, de http://barurca.com.br/cardapios/

Barbosa, L. (2010). Food and sociability on the contemporary Brazilian plate. Etnográfica, 14(3), 567-586.

Barbosa, L. (2004). Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora.

Barbosa, L., & Campbell, C. (2006) Cultura, consumo e identidade. Rio de Janeiro: FGV Editora.

Bourdieu, P. (1979) La Distinction: critique sociale du jugement. Paris: Les Éditions de Minuit.

Cavalieri, R. (2014). Conheça o outro lado da Mureta da Urca. Veja Rio. Recuperado em 08 novembro, 2018, de https://vejario.abril.com.br/comida-bebida/o-outro-lado-da-mureta-da-urca

Carù, A., & Cova, B. (2003). Revisiting consumption experience: a more humble but complete view of the concept. Marketing Theory, 3(2), 267-286.

Chick, G. (1998). Leisure and culture: issues for an Anthropology of Leisure. Leisure Studies, 20, 111-133.

Costa, M. M. C., Salazar, V. S., Alves, L. O., & Silva, A. C. O. (2019). Baja gastronomía: análisis de la influencia del ambiente sobre la satisfacción de los clientes del Restaurante Reteteu (Recife, Brasil). Estudios y Perspectivas em Turismo, 28(3), 715-735.

Decreto Municipal/RJ no. 36605/2012. Decreto declara Patrimônio Cultural Carioca bares e botequins tradicionais. Rio de Janeiro.

Elliott, R., & Jankel-Elliott, N. (2003) Using ethnography in strategic consumer research. Qualitative Market Research, 6(4), 215-223.

Ferreira, M. R., Valduga, V., & Bahl, M. (2016). Baixa Gastronomia: caracterização e aproximações teórico-conceituais. Turismo em Análise, 27(1), 207-228.

Gaião, B.F.S., Souza, I.L., & Souza Leão, A.L.M. (2012). Consumer Culture Theory (CCT) já é uma escola de pensamento em Marketing? Revista de Administração de Empresas, 52(3), 330-344.

Geertz, C. (1973). A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar.

Hall, S. (1997). Representation: cultural representation and signifying practices. London: Open University Press.

Holbrook, M. B., & Hirschman, E. C. (1982). The experiential aspects of consumption: consumer fantasies, feelings and fun. Journal of Consumer Research, 9, 132-140.

Holt, D. B. (2002). Why do brands cause trouble? A dialectical theory of Consumer Culture and Branding. Journal of Consumer Research, 29(1), 70-90.

Houaiss, A., & Villar, M.S. (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva.

Jenkins, R. (2005) Social identity. 3a. ed. London: Routledge.

Kleine III, R.E., & Kernan, J.B. (1998). Measuring the meaning of consumption objects: an empirical investigation. Advances in Consumer Research, 15, 498-504.

Kozinets, R. V. (2001). Utopian enterprise: articulating the meaning of Star Trek’s culture of consumption. Journal of Consumer Research, 28, 67-89.

Liechty, T., Genoe, M. R., & Marston, H. R. (2017). Physically active leisure and the transition to retirement: the value of context. Annals of Leisure Research, 20(1), 23–38.

Luedicke, M. K., Thompson, C. J., & Giesler, M. (2010). Consumer identity work as moral protagonism: how myth and ideology animate a brand-mediated moral conflict. Journal of Consumer Research, 36(6), 1016-1032.

MacInnis, D., & Folkes, V. (2010). The disciplinary status of consumer behavior: a sociology of science perspective on key controversies. Journal of Consumer Research, 36(6), 899-914.

Matsunobu, K. (2018). Music for life: a Japanese experience of spirituality, ageing and musical growth. Ageing & Society, 38, 1100–1120.

McCracken, G. (1998). Culture and consumption: new approaches to the symbolic character of consumer goods and activities. Bloomington: Indiana Press University.

McFerran, B., Dahl, D. W., Fitzsimons, G. J., & Morales, A. C. (2010). I’ll have what she is having: effects of social influence and body type on the food choices of others. Journal of Consumer Research, 36(6), 915-929.

Medeiros, A. (2004). Batuque na cozinha: as receitas e as histórias das tias da Portela. Rio de Janeiro: Senac Rio.

Mello, P T. (2016) Botequim e a cidade. In In Mello, P.T. de & Sebadelhe, Z.O. Memória afetiva do botequim carioca (recurso eletrônico, 1a ed.). Rio de Janeiro: José Olympio.

Mello, P. T. (2003). Pendura essa: a complexa etiqueta na relação de reciprocidade em um botequim do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

Oliveira, R.C. (2006). “Olhar, ouvir, escrever”. O trabalho do antropólogo. São Paulo: Ed. Unesp.

Rubin, H. J., & Rubin, I. S. (2005). Qualitative interviewing: the art of hearing data. Thousand Oaks, California: Sage Publications.

Sebadelhe, Z. O. (2016). Origens. In Mello, P.T. de & Sebadelhe, Z.O. Memória afetiva do botequim carioca (recurso eletrônico, 1a ed.). Rio de Janeiro: José Olympio.

Silva, L. A. M. (2011). O Significado do botequim. Enfoques, 10(1),115-136.

Slater, D. (2002). Cultura, consumo e modernidade. São Paulo: Nobel.

Solomon, M.R. (2016). Comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 11a ed. Porto Alegre: Bookman.

Stacey, M. (1977). Methods of social research. Oxford: Pergamon Press.

Strauss, A., & Corbin, J. (2008). Pesquisa Qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. Porto Alegre: Artmed.

Taschner, B. G. (2000). Lazer, cultura e consumo. RAE – Revista de Administração de Empresas, 40(4), 38-47.

Trip Advisor Brasil. (2018). Da avaliação Vista Privilegiada! de Bar Urca. Trip Advisor Brasil. Recuperado em 04 novembro, 2018, de https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303506-d1479608-i133952672-Bar_Urca-Rio_de_Janeiro_State_of_Rio_de_Janeiro.html.

Thompson, C.J. (1997). Interpreting consumers: a Hermeneutical framework for deriving Marketing insights from the texts of consumers’ consumption stories. Journal of Marketing Research, 34, 438-455.

Tureta, C., & Alcadipani, R. (2011). Entre o observador e o integrante da Escola de Samba: os não-humanos e as transformações durante uma pesquisa de campo. RAC – Revista de Administração Contemporânea, 15(2), 71-78.

Vargens, J.B., & Monte, C. (2001). A velha guarda da Portela. Rio de Janeiro: Manati.




Licencia de Creative Commons
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento 4.0 Internacional.