A prática da filantropia como estratégia empresarial na pandemia da Covid-19: um estudo à luz da fenomenologia social
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No cenário pandêmico vivenciado em 2020, nota-se a emergência da prática filantrópica como estratégia por parte de organizações que buscavam permanecer ativas no ambiente mercadológico e, ao mesmo tempo, auxiliar hospitais na escassez de recursos materiais e humanos ocasionados pela alta demanda. Assim, o presente trabalho apresenta como problema de pesquisa: como a prática da filantropia pode ser utilizada como estratégia empresarial no período da pandemia Covid-19, por empresas que atuam na região dos Inconfidentes-MG, a luz da fenomenologia social? A opção pela orientação metodológica da fenomenologia social se deve a essa vertente destacar os motivos presentes na ação social realizada pelo sujeito. Para isso, foram entrevistados em caráter semiestruturado sete gestores de empresas atuantes na região dos Inconfidentes-MG que fizeram ações filantrópicas direcionadas ao Hospital Santa Casa de Ouro Preto – MG e Hospital Monsenhor Horta em Mariana – MG no ano de 2020. Como resultado, evidenciou-se que os motivos porque (justificativa) realizar a filantropia se misturaram com concepções pessoais dos sujeitos, sendo que os motivos para (finalidade) caminharam para uma direção organizacional. O conteúdo das doações na fase inicial da pandemia apresentou um caráter assistencialista, ou seja, os gestores colocaram as próprias empresas para suprir uma demanda pontual e específica dos hospitais. Portanto, os gestores adotaram uma estratégia emergente e algumas destas empresas transformaram essa em deliberada, pois as ações adotadas naquele momento continuaram por mais tempo e, assim, integraram o planejamento da organização, passando a filantropia de assistencialismo para investimento social.
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