Demissão e transição de carreira de trabalhadores na maturidade
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O presente estudo teve como objetivo analisar a transição de carreira de trabalhadores na maturidade que tiveram suas carreiras corporativas interrompidas pela demissão. Participaram da pesquisa, de caráter qualitativo e exploratório, 21 profissionais, com idades entre 45 e 60 anos, que ocupavam cargos de gestão e foram desligados das organizações privadas em que trabalhavam. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais, conduzidas segundo o método biográfico. Os resultados mostraram que a transição de carreira foi influenciada por fatores contextuais e individuais, incluindo condições do mercado de trabalho, ageísmo, duração da transição, situação financeira, suporte social e características pessoais. Com relação aos resultados da transição, foram identificados três grupos, denominados excluídos, precarizados e nostálgicos, em consonância com sua posição em relação ao mercado de trabalho formal. Apesar de terem seguido caminhos diferentes, todos se encontravam numa posição notadamente pior do que a anterior à demissão. De uma perspectiva teórica, esses resultados nos permitem questionar os modelos de carreira que reforçam o viés da agência individual, relativamente aos aspectos contextuais. De uma perspectiva aplicada, ao trazer evidências da vulnerabilidade de trabalhadores maduros, esperamos chamar a atenção para a necessidade de políticas públicas e práticas organizacionais voltadas à valorização desse grupo profissional.
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