Convergência da tecnologia e a intenção de consumo no setor automobilístico: uma pesquisa netnográfica

Emilio José Montero Arruda Filho, Luis Augusto Molina Alexandroni
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2021014

Texto completo:

PDF

Resumo

O cenário da convergência tecnológica representado pela conexão do celular do usuário ao sistema de som, a disponibilidade no painel do carro de um GPS e a câmara de auxílio para as manobras traz uma percepção de multifuncionalidade para o processo de decisão de compra dos novos automóveis. Compreender se os fatores tecnológicos influenciam a intenção de consumo no mercado automobilístico brasileiro, quando mediados pelos valores percebidos do produto, foi o objetivo da presente pesquisa. O método de pesquisa foi qualitativo (netnografia) com o auxílio de uma ferramenta de Big Data. Fez-se um levantamento desses fatores motivacionais e observou-se que nas intenções de consumo estão presentes os valores hedônicos, utilitários e sociais, por meio de características como prazer em dirigir, apreciação por tecnologia, economia, racionalidade na decisão de compra, extensão da personalidade e afirmação da personalidade perante o grupo social. Constatou-se também a ocorrência da devoção ao produto e/ou fabricante representada por características como paixão, sonho de consumo e valorização dos diferenciais do automóvel. Os dados analisados foram os comentários postados no Facebook da Fiat, Ford e Volkswagen. Observou-se também a presença de categorias negativas relacionadas à motivação para o consumo como o medo para consumir e a expectativa frustrada após a compra.


Palavras-chave

convergência tecnológica; big data; valores hedônicos; valores utilitários; valores sociais


Compartilhe


Referências


Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (2016). Anuário da Indústria Automobilística Brasileira. Recuperado em 26 julho, 2016, de http://www.anfavea.com.br/anuario.html.

Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. (2020). Anuário da Indústria Automobilística Brasileira. Recuperado em 19 maio, 2020, de http://www.anfavea.com.br/anuarios.

Arruda Filho, E. J. M. (2020). Análise da Pesquisa Netnográfica: exemplos ilustrativos no campo da administração. In J. Brunstein, A. S. Godoy, E. P. Z. Brito & E. J. M. Arruda Filho (Orgs.). Análise de dados qualitativos em pesquisa: múltiplos usos em administração (pp.604–622). São Paulo: FGV Editora e Mackenzie Editora.

Arruda-Filho, E. J. M., & Dholakia, R. R. (2013). Hedonismo como um fator de decisão e uso tecnológico. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 15(48), 343-361.

Arruda-Filho, E. J. M., & Lennon, M. M. (2011). How iPhone innovators changed their consumption in iDay2: hedonic post or brand devotion. International Journal of Information Management,31 (6), 524-532 Doi:10.1016/j.ijinfomgt.2011.04.007.

Alsharif, N., & Shen, X. (2014). IEEE ICC 2014 - Mobile and Wireless Networking Symposium. Sydney, NSW, Australia.

Bardin, L. (1979). Análise de conteúdo (L. A. Reto & A. Pinheiro, Trads.). Lisboa: Edições 70.

Batra, R., & Ahtola, O. T. (1990). Measuring the hedonic and utilitarian sources of consumer attitudes. Marketing Letters, 2(2), 159-170.

Bauer, R. (1960). Consumer behavior as risk taking. In R. Hancock (Ed.). Dynamic marketing for a changing world. Chicago: American Marketing Association, 389-398.

Beleza, A. (2013). Buzzmonitor mede a performance e retorno do investimento nas Redes Sociais. Recuperado em 24 setembro, 2020, de https://www.techenet.com/2013/02/buzzmonitor-mede-a-performance-e-retorno-do-investimento-nas-redes-sociais/.

Belk, R. W. (1988, September). Possessions and the extended self. Journal of Consumer Research, 15.

Belk, R., & Kozinets, R. (2017). Videography and netnography. In K. Kubacki & S. Rundle-Thiele (Eds.). Formative research in social marketing: innovative methods to gain consumer insights (pp.265–279). Singapore: Springer.

Belk, R. W., Wallendorf, F, M., & Sherry, J. (1989, June). The sacred and the profane in consumer behavior: theodicy on the odyssey. Journal of Consumer Research, 15, 1-38.

Belk, R. W. (2013). Extended self in a digital world. Journal of Consumer Research, 40(3), 477-500.

Blackwell, R. D., Miniard, P. W., & Engel, J. F. (2008). Comportamento do consumidor (9a ed.). São Paulo: Cengage Learning.

Campbell, C. (1987). The romantic ethic and the spirit of modern consumerism. Oxford: Blackwell Publishers.

Cunningham, S. M. (1967). The major dimensions of perceived risk. In D. F. Cox (Ed.). Risk taking and information handing in consumer behavior (pp. 82-108). Boston: Harvard University Press.

Costa, F. J. (2007, no prelo). A influência do valor percebido pelo cliente sobre os comportamentos de reclamação e boca a boca: uma investigação em cursos de pós-graduação lato sensu. Tese de Doutorado, Escola de Administração de Empresas de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Dhar, R., & Wertenbroch, K. (2000). Consumer choice between hedonic and utilitarian goods. Journal of Marketing Research, 37, 60-71.

Douglas, M; Isherwood, B. (1978). The world of goods. Middlesex: Penguin.

Durkheim, É. (1968). Representações individuais e representações coletivas In: É. Durkheim. Sociologia e filosofia (pp.15-49). Rio de Janeiro: Forense.

Engel, J. F., Blackwell, R. D., & Miniard, P. W. (1995). Consumer Behavior (8a ed.). Orlando: The Dryden Press.

Ferreira, N. S. (2015, no prelo). Preferência de uso dos aplicativos de redes sociais nos dispositivos móveis: uma análise da usabilidade tecnológica. Dissertação de Mestrado, Universidade da Amazônia, Belém, PA, Brasil.

Frese, T., Gerber, N., Hatebur, D., Côté, I., & Heisel, M. (2018). Functional safety processes and advanced driver assistance systems: evolution or revolution? In H. Proff & T. M. Fojcik (Eds.). Mobilität und digitale Transformation (pp. 199-216). Wiesbaden: Springer Gabler.

Furlan, R. (2015). Fiat anuncia central multimídia para Linea e Punto: dispositivo é a grande novidade da linha 2016 dos modelos. Quatro Rodas. Recuperado em 30 março, 2017, de http://www.quatrorodas.abril.com.br/noticias/fiat-anuncia-central-multimidia-para-linea-epunto/.

Gjerde, K. A., Slotnick, S. A., & Sobel, M. J. (2002). New product innovation with multiple features and technology constraints. Management Science, 48(10), 1268-1284.

Goldenberg, J. L. B., & Muller, E. (2001). Talk of the network: a complex system look at the underlying process of word-of-mouth. Marketing Letters, 12(3), 211-223.

Günther, H. (2006, maio-agosto). Pesquisa qualitativa versus pesquisa qualitativa - esta é a questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa, 22(2), 201-210.

Harris, J., & Blair, E. A. (2006). Functional compatibility risk and consumer preference for product bundles. Journal of the Academy of Marketing Science, 34(1), 19-26.

Heath, C., & Soll, J. B. (1996, June). Mental budgeting and consumer decisions. Journal of Consumer Research, 23(1), 40-52.

Hirschman, E. C., & Holbrook, M. B. (1982, July). Hedonic consumption: emerging concepts, methods, and propositions. Journal of Marketing, 46, 92-101.

Hofacker, C. F., Malthouse, E. C., & Sultan, F. (2016, February). Big data and consumer behavior: Imminent opportunities. Journal of Consumer Marketing, 33(2), 89-97.

Holbrook, M. B. (1999). Consumer value: a framework for analysis and research. New York: Routledge.

Katz, J. E., & Sugiyama, S. (2006). Mobile phones as fashion statements: evidence from student surveys in the US and Japan. New Media & Society, 8(2), 321-337.

Khan, U., Dhar, R., & Wertenbroch, K. (2004). A behavioral decision theoretic perspective on hedonic and utilitarian choice. In S. Ratneshwar & D. G. Mick (Eds.). Inside consumption: frontiers of research on consumer motives, goals, and desires (pp. 144-165). New York: Routledge.

Khan, U., & Dhar, R. (2010). Price-framing effects on the purchase of hedonic and utilitarian bundles. Journal of Marketing Research, 47(6), 1090-1099.

Kim, Y., Lee, J. D., & Koh, D. (2005). Effects of consumer preferences on the convergence of mobile telecommunications devices. Applied Economics, 37(7), 817-826.

Kimura, H., Basso, L. F. C., & Martin, D. M. L. (2008). Redes sociais e o marketing de inovações. RAM – Revista de Administração Mackenzie, 9(1), 157-181.

Kozinets, R. V. (1999). E-Tribalized marketing? The strategic implications of virtual communities of consumption. European Management Journal, 17(3), 252-264.

Kozinets, R. V. (2002, February). The field behind the screen: using netnography for marketing research in online communities. Journal of Marketing Research, 39, 61-72.

Kozinets, R. V. (2014). Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online, Porto Alegre: Penso.

Kozinets, R. V., Scaraboto, D., & Parmentier, M. A. (2018). Evolving netnography: how brand auto-netnography, netnographic sensibility, and more-than-human netnography can transform your research. Journal of Marketing Management, 34(3-4), 231-242.

Langer, R., & Beckman, S. C. (2005). Sensitive research topics: Netnography revisited. Qualitative Market Research: An International Journal, 8(2), 189–203. https:// doi.org/10.1108/13522750510592454.

Lee, S., Lee, J. H., & Garrett, T. C. (2013). A study of the attitude toward convergent products: A focus on the consumer perception of functionalities. Journal of Product Innovation Management, 30(1), 123–135.

Li, E. L. Y., Liu, B. S. C., & Luk, S. T. K. (2017). Customer participation behavior in high- versus low-contact services: The multiple roles of customer trust. Journal of Global Marketing, 30(5), 322–341. https://doi.org/10.1080/08911762.2017.1343886

Maniyka, J., Chui, M., Brown, B., Bughin, J., Dobbs, R., Roxburgh, C., & Byers, A. H. (2011, May). Big data: the next frontier for innovation, competition, and productivity. McKinsey Global Institute. Recuperado em 10 setembro, 2015, de http://www.mckinsey.com/insights/mgi/research/technology_and_innovation/big_data_the_next_frontier_for_innovation.

Mano, H., & Oliver, R. L. (1993, December). Assessing the dimensionality and structure of the consumption experience: evaluation, feeling, and satisfaction. Journal of Consumer Research, 20, 451-466.

Mauss, M. (1974). Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. In: M. Mauss. Sociologia e antropologia (pp. 37-184). São Paulo: EPU.

Mayer-Schönberger, V., & Cukier, K. (2013). Big Data como extrair volume, variedade, velocidade e valor da avalanche de informação cotidiana, Rio de Janeiro: Elsevier.

Mayfield, A. (2008). What is social media? iCrossing. Recuperado em 1 janeiro, 2015, de http://www.repromax.com/docs/113/854427515.pdf.

Medeiros Neto, B. (2016, julho-dezembro). As contribuições de projetos colaborativos de ubiquidade, convergência, hibridismo na mobilidade informacional de um território. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, 2(9), 365-386.

Meyer, R. J., & Sathi, A. (1985, February). A multiattribute model of consumer choice during product learning. Marketing Science, 4(1), 41-61.

Millar, M. G., & Tesser, A. (1986). Effects of affective and cognitive focus on the atitude-behavior relationship. Journal of Personality and Social Psychology, 51, 270-276.

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Brasil + Produtivo: Automotivo. (2016, janeiro). Portal Institucional. Recuperado em 28 julho, 2016, de http://www.mdic.gov.br/index.php/competitividade-industrial/principais-acoes-de-desenvolvimento-industrial/brasil-produtivo

Mowen, J. C., & Minor, M. S. (2002). Comportamento do consumidor. São Paulo: Prentice Hall.

Muniz Jr., A. M, & O’Guinn, T. C. (2001, March). Brand community. Journal of Consumer Research, 27, 412-432.

Nayeem, T., & Casidy, R. (2015). Australian consumers’ decision-making styles for everyday products. Australasian Marketing Journal, 23(1), 67-74.

Okada, E. M. (2005, February). Justification effects on consumer choice of hedonic and utilitarian goods. Journal of Marketing Research, 42(1), 43-53.

Ozcan, T., & Sheinin, D. (2015). The effects of changing attribute composition on judgments about multifunctional products. Journal of Marketing Theory and Practice, 23(1), 107–118.

Papista, E., Chrysochou, P., Krystallis, A., & Dimitriadis, S. (2018). Types of value and cost in consumer–green brands relationship and loyalty behaviour. Journal of Consumer Behaviour, 17, e101-e113.

Park, C. (2006). Hedonic and utilitarian values of mobile internet in Korea. International Journal of Mobile Communications, 4(5), 497-508.

Pereira, J. P. N. (2016). Determinantes da intenção de compra de marcas de automóveis de passageiros. Tese de Dissertação de Mestrado, Instituto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal.

Perrea, T., Grunert, K. G., & Krystallis, A. (2015). Consumer value perceptions of food products from emerging processing technologies: a cross-cultural exploration. Food Quality and Preference, 39, 95-108.

Petrock, V. (2020). The era of intelligent connectivity draws closer. Top 10 Techs Trends for 2020. Recuperado em 24 setembro, 2020, de https://www.emarketer.com/content/top-10-tech-trends-for-2020.

Pimentel, R. W., & Reynolds, K. E. (2004). A Model for consumer devotion: affective commitment with proactive sustaining behaviors. Academy of Marketing Science Review, 2004(5). Recuperado em 15 março, 2017, de http:// www.expected.com/white_paper/A_model_for_consumer_expect_advertising_inc.pdf.

Prado, J. M. K., Lucas, E. R. O., & Herrero-Curiel, E. (2013). As bibliotecas nacionais iberoamericanas na web 2.0: resultados parciais sobre o Facebook. XXV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação, Florianópolis, FEBAB/ACB,25.

Rocha, E., & Barros, C. (2006, outubro-dezembro). Dimensões culturais do marketing: teoria antropológica, etnografia e comportamento do consumidor. RAE, 46(4), 1-12.

Sahin, A. Z., Zehir, C., & Kitapçi, H. (2011). The effects of brand experiences, trust and satisfaction on building brand loyalty: an empirical research on global mobile phone brands. Procedia Social and Behavioral, 24, 1288-1301.

Sahlins, M. (1979). Cultura e razão prática. Rio de Janeiro: Zahar.

Satish, S. M., Bharadhwaj, S. (2010). Information search behavior among new car buyers: two-step cluster analysis. IIMB Management Review, 22, 5-15.

Schechter, L. (1984). A normative conception of value. Progressive Grocer. Executive Report (pp.12-14).

Schiffman, L. G., & Kanuk, L. L. (2000). Comportamento do consumidor. Rio de Janeiro: LTC.

Sela, A., & Berger, J. (2012, December). How attribute quantity influences option choice. Journal of Marketing Research, 49, 942-953.

Shamdasani, P. N., Stanaland, A. J., & Tan, J. (2001, July). Location, location, location: insights for advertising placement on the web. Journal of Advertising Research, 41, 7-21.

Sharma, R.; Ahuja, V., & Alavi, S. (2018). The future scope of Netnography and social network analysis in the field of marketing. Journal of Internet Commerce, 17(1), 26–45.

Sheth, J. N., Mittal, B., & Newman, B. (2001). Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas.

Smith, R., & Smith, L. (2018). Qualitative methods. In L. Mcconnell & R. Smith (Eds.). Research Methods in Human Rights (pp. 78-101). New York, Routledge.

Snoj, B., Korda, A. P., & Mumel, D. (2004). The relationships among perceived quality, perceived risk and perceived product value. The Journal of Product and Brand Management, 13(3), 156-167.

Stem, D. E. Jr., Lamb, C. W. Jr., & Maclachlan, D. L. (1977). Perceived risk: a synthesis. European Journal of Marketing, 11(4), 312-319.

Strahilevitz, M. A., & Myers, J. G. (1998, March). Donations to charity as purchase incentives: how well they work may depend on what you are trying to sell. Journal of Consumer Research, 24, 434-446.

Toledo, V. (2020). Três serviços já disponíveis que prometem deixar seu carro inteligente. Techtudo. Recuperado em 21 setembro, 2020, de https: //www.techtudo.com.br/listas/2020/08/tres-servicos-ja-disponiveis-que-prometem-deixar-seu-carro-inteligente.ghtml.

Triandis, H. C. (1977). Interpersonal behavior. Monterey: Brooks/ Cole Publishing Co..

Veludo-de-Oliveira, T. M., & Ikeda, A. A. (2005, janeiro-abril). O conceito de valor para o cliente: definições e implicações gerenciais em marketing. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, 3(1), 39-52.

Woodruff, R. B. (1997, Spring). Customer value: the next source of competitive advantage. Journal of Academy of Marketing Science, 25(2), 139-153.

Yoon, S. B., & Cho, E. (2016). Convergence adoption model (CAM) in the context of a smart car service. Computers in Human Behavior, 60, 500–507.

Zeithaml, V. A. (1988, July). Consumer perceptions of price, quality, and value: a means-end model and synthesis of evidence. Journal of Marketing, 52, 2-22.

Zikmund, W. G., & Scott, J. E. (1974). Variety analysis of perceived risk self-confidence and information sources. Advances in Consumer Research, 1, 406-416.




Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.